Lipedema: 11 diagnosticaram-me obesa, um enxergou a minha angústia

De lá para cá, depois das diversas cirurgias e de muito pesquisar e lutar por um atendimento digno e responsável, chego à conclusão que a minha luta foi maior pela falta de informação

De: Valéria Roque – Crónica ao Jornal Público

Aceda ao endereço electrónico do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e nada encontrará sobre o tema. Pesquise no Google, “pai dos burros”, e esteja preparado para treinar o inglês. Recorra à Wikipédia, a enciclopédia virtual, e assuste-se a pensar que aquelas pernas podem ser as suas.
Essa é a angústia da falta de informação sobre o lipedema, uma patologia que chega a afectar 12% da população feminina global, mas que ainda é pouco conhecida por cá.

No mês de Junho, lembrámo-nos da importância de se consciencializar sobre o tema, que muitos vivem e nem sequer têm consciência disto.
Convivo com o meu lipedema há seis anos, quando fui diagnosticada. Sobreviver a ele, e apesar dele, no entanto, é algo que faço desde que nasci.
O percurso que trilhei até falar abertamente sobre isso e ser capaz de ajudar outras mulheres a vencê-lo e enfrentá-lo todos os dias não foi e não é nada fácil. 

Como consultora de estética e directora técnica de uma clínica de estética avançada, olhava-me no espelho todos os dias e questionava o que havia de errado comigo. “Mas como é possível? Conseguir resultados fantásticos nos outros e não me conseguir ajudar a mim mesma?”

Uma vida de dietas e rotinas regradas e exercícios físicos não pareciam bastar. A conclusão a que cheguei? Tinha de haver algo mais. Percorri onze especialistas em cirurgia vascular. Uma sucessão de exames que nada diziam. Mas as frases dos médicos ecoavam como um sino na minha mente: “A senhora precisa de emagrecer, se continuar com esta gordura acumulada nas pernas é óbvio que vai continuar a sentir dores e desconfortos. Se fizesse mesmo o que diz que faz, desculpe, mas não estaria assim!”

Eu comia menos a cada dia, nada de álcool, nada de tabaco, nada de nada… Desesperante. Com todo o meu percurso, a balança ainda lá estava a registar os mais de 100 quilogramas. Mas, de quê? No auge do meu desespero, recorri a mais um outro especialista. Também me pesavam imenso as frustrações e as palavras. Como não, se somado ao que já carregava no meu corpo físico, havia dias em que a carga parecia insuportável.

“Dispa-se da cintura para baixo”, pediu-me ele. Vergonha é um sentimento que não cabe aos desesperados. E ouvi a frase que mudaria todo o meu percurso: “Você tem um lipedema nível 3”. Eu não sabia o que era, nunca tinha ouvido falar sobre aquilo, mas soava-me como um alívio. 

Era o começo de uma longa caminhada e de uma difícil batalha. Agora já podia enxergar o meu inimigo, olhos nos olhos. Agora o meu inimigo tinha nome. O lipedema é uma patologia maioritariamente feminina que atinge as células gordas, causando uma acumulação anormal de gordura. Ancas e pernas são as áreas mais afectadas, mas braços também podem ser atingidos. Fui sorteada, tenho em ambas as zonas do corpo. A patologia, já no nível em que eu estava, além de poder causar inúmeras comorbidades (fibromialgia, depressão, etc.) também pode levar à imobilidade dos pacientes — igualmente o meu caso.

De lá para cá, depois das diversas cirurgias e de muito pesquisar e lutar por um atendimento digno e responsável, chego à conclusão que a minha luta foi maior pela falta de informação.

Hoje, escrevo para que vocês, através da minha história, através do meu testemunho de superação diária, já não precisem de passar pelo que eu passei. Sigam em frente, esta luta é nossa, não precisam de ficar sozinhos. Aproveito para deixar aqui o meu agradecimento e a minha eterna admiração a este especial profissional, que enxergou o meu dilema. Conviver com o lipedema é possível.

FONTES: https://www.publico.pt/2020/07/05/p3/noticia/lipedema-11-diagnosticaramme-obesa-enxergou-angustia-1922773

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Jejum Intermitente: será que o “corpo do verão” vale a sua saúde pelo resto do ano?

Se as férias para si ainda não começaram, talvez esteja a correr para reparar alguns “estragos”. Neste sentido, uma das coisas que pode estar a fazer é o JEJUM INTERMITENTE.

Mas, o que é isto?

Fazer jejum, de modo geral, é privar-se de comer. Cortar algum alimento específico (como chocolates, pães ou fritos, por exemplo), “saltar” alguma refeição, ou mesmo escolher períodos em que não consuma nenhum tipo de comida (das 20h às 8h, por exemplo). Existem culturas que praticam o JEJUM TOTAL, quando se fica um dia inteiro (ou mais) a fazer apenas ingestão de água (e se!). No caso do JEJUM INTERMITENTE, como o próprio nome nos diz, faz-se apenas uma privação parcial de comidas calóricas por um ou mais dias.

Em Portugal, o mais comum tem sido o jejum intermitente em que “salta-se” uma refeição: o jantar ou o pequeno-almoço, por exemplo. Neste caso, fica-se de 4 a 6 horas sem comer. Ou, se pular o jantar/ceia, pode-se chegar a até 12 sem ingerir alimentos, neste período do fim do dia/noite ou logo pela manhã, quando o nosso metabolismo desacelera ou ainda não “acordou” e, por isso, não precisamos de tanta energia.

O processo tem por objetivo interromper o consumo de calorias por um determinado período de tempo para que o corpo “queime” as “gorduras paradas” e já acumuladas.

Talvez não esteja satisfeita com o vosso corpo ou algo do género, e já esteja a apelar para essas dietas mais “mirabolantes” para perder as gordurinhas indesejadas.

No entanto, o que aqui pretendemos explicar é que estas mudanças drásticas podem não resultar nas alterações corporais esperadas e, pelo contrário, causar ainda mais problemas para si.

Para começar a refletir, pode responder a uma pergunta rápida: POR QUE COMEÇOU ESTA DIETA?

Caso a resposta seja “ah, porque uma amiga disse que funcionou com ela e me recomendou”, já aí temos o PRIMEIRO ERRO.

O JEJUM INTERMITENTE NÃO É RECOMENDADO PARA TODAS AS PESSOAS, então muita atenção!

Apesar do jejum ter alguns benefícios de detox e limpeza do organismo, ele só pode ser feito com ORIENTAÇÃO e ACOMPANHAMENTO de algum médico ou especialista. Isto porquê?

Porque, a depender do seu organismo e do seu funcionamento sistémico, O JEJUM INTERMITENTE PODE SER DANOSO À SUA SAÚDE.

Muitas mulheres com Lipedema, por exemplo, procuram neste tipo de “dieta” uma alternativa para desinchar ou perder algum peso das pernas. No entanto, nosso metabolismo precisa estar alimentado para conseguir funcionar como se deve. E como parte deste “funciona” estão o tentar deitar fora o máximo possível de toxinas e o lutar contra as inflamações na nossa gordura. Sem comida, como espera que ele faça isso? (saiba mais sobre a dieta anti-inflamatória)


Além disso, outros problemas que podem resultar do jejum intermitente sem acompanhamento profissional são:

  • O efeito “sanfona” (de engordar e emagrecer rapidamente e várias vezes): uma vez que é uma dieta muito restritiva, tudo deve ser feito com muita parcimônia, o que nem sempre acontece; muitas clientes relatam que sentem-se mais leves, mas quando voltam a comer percebem que comem ainda mais
  • Ausência nutritiva: por não conseguir ingerir nutrientes suficientes no período em que está a comer (por falta de tempo ou por não saber como fazer a compensação nutricional)
  • Perda de energia: se não estiver a ingerir calorias suficientes para suprir sequer as suas atividades regulares
  • Queda de cabelo: pelo stress de não estar a comer ou pela falta de nutrientes necessários
  • Obstipação: se não há alimento suficiente e de qualidade no seu organismo, o que o seu intestino irá expelir?
  • Gases, desidratação, irritabilidade, e outras…

Por isso, o mais recomendado é falar com o seu médico ou nutricionista e AVALIAR se esta é mesmo a melhor opção para si.


Nós acreditamos que a reeducação alimentar é sempre o melhor caminho para uma vida e um corpo mais saudáveis.

Ao invés de parar de comer, que tal tentar seguir essas dicas simples?

  • coma de 3 em 3 horas porções menores de alimento.
  • Evite refeições pesadas à noite (uma sugestão: deixe o pão para o começo do dia e invista nas frutas e saladas à noite).
  • Reduza o consumo de bebidas alcoólicas (que incham e demandam imenso do seu fígado).
  • Beba bastante água (que enche o estómago e aumenta a sensação de saciedade).
  • COMA MAIS DEVAGAR: quanto mais mastigadas damos, mais o nosso cérebro entende que estamos comendo bastante (uma hora, cansamos e nos sentimos mais satisfeitas).

São dicas simples que evitam a “radicalização” das dietas restritivas.

E lembre-se SEMPRE: um “corpo de verão” não vale a sua saúde pelo resto do ano. Cuide-se!

FONTES: https://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/jejum-intermitente-sera-assim-tao-mau https://www.publico.pt/2020/07/04/impar/noticia/verdade-oculta-tras-jejum-intermitente-1922930 https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/nutricionista-do-hcor-explica-riscos-da-dieta-do-jejum-intermitente/ https://www.publico.pt/2021/04/11/impar/noticia/jejum-intermitente-eficaz-perder-massa-gorda-aumentar-rendimento-fisico-estudo-1958097